Esta banda desenhada conta a aventura do pequeno Luciano que, fugindo de casa, se vê em viagem para procurar o que deseja: uma nova família.

Os criadores desta história vivem num infantário em Catembe, uma cidade do outro lado da ponte de Maputo, a capital de Moçambique. A estrada para lá chegar não é asfaltada, é de areia avermelhada com muitos buracos, que ficam cheios de água quando chove. É um longo caminho que atravessa extensões de verde, entre o mar e os campos e quando o viaja de autocarro (que em Moçambique se chama chapa ou machimbombo ou gogongo) você não consegue ficar sentado, pula para cima e para baixo.

As crianças que aqui vivem vêm da rua: os menores em situação de sem-abrigo são um grande problema em Moçambique. São eles que por vezes fogem de quem os maltrata, ou se perdem, ou foram vendidos ou mandados embora pelos seus pais para a capital moçambicana na esperança de encontrar emprego, mesmo em idade prematura.

Os Infantários são centros de acolhimento onde as crianças encontram cama e casa de banho por um curto período em que elas vivem lá, até regressarem para junto das suas famílias ou se tornarem adultos. As situações que podem vivenciar estas crianças e jovens dentro do infantário moçambicano são desconhecidos até pelos próprios moçambicanos, são pessoas pequenas e que permanecem invisíveis e que só alguns vêm.

Juntamente com Alice, voluntária do serviço público de outra organização, a PASSI Società Cooperativa, e Angela, também voluntário na Função Pública, mas para a ÁGAPE em 2022, é criada esta banda desenhada que fala de aventura, amizade e família.

A banda desenhada, depois de concluída, foi utilizada numa oficina de stop motion que decorreu, em Maputo, na galeria Núcleo De Arte com as crianças do centro da Catembe, e em Itália com a Associação Cultural SinergEtica durante a exibição de curtas-metragens “Cine-ma Corto” em Moniga Del Garda, um evento colateral do Festival de Cinema de Desenzano. No mesmo festival, que se realiza em outubro, a obra foi impressa e apresentada ao público por Alice e Ângela, que contaram a sua experiência em Maputo.