Depois da paralisação do ano passado, 2021 começou com a chegada dos oito voluntários do Serviço Civil Universal de AGAPE e PASSI, o nosso parceiro. Os jovens desembarcaram em plenas férias de Natal e isso deu-lhes tempo para se adaptarem à nova realidade que viveriam 10 meses antes de começarem com os seus respetivos projetos. Infelizmente Janeiro e Fevereiro foram meses de confinamento em Moçambique e isto atrasou o arranque das actividades, mas não os desmoralizou: tinham uma vontade tão grande de fazer as coisas, começaram a dar explicações a pequenos grupos de crianças na zona da Mafalala. As crianças foram a categoria mais afectada pela pandemia, já que, com escolas e espaços de reunião fechados, as suas únicas opções eram ficar em casa ou na rua. Por isso, o tempo de estudo proposto pelos nossos jovens se tornou uma oportunidade especial em que participaram com entusiasmo.

Finalmente em março os projetos recomeçaram. Keziah e Damiano, como músicos, começaram a acompanhar os nossos musicoterapeutas Soares e Omar, nos workshops tanto no bairro da Mafalala, quanto na Reabilitação de Mahotas. Neste Centro gerido pelas Irmãs Hospitaleiras, Damiano e Michela M. também estão a apoiar as irmãs na gestão dos doentes, o primeiro apoia através do trabalho na grande horta que está localizado na estrutura e com workshops de artesanato que estimulam a criatividade e a habilidade manual dos doentes, a segunda como psicólogo. Esta última, juntamente com as voluntárias da PASSI, Cláudia e Laura, colabora também com a associação moçambicana Ca-paz, que lida com a violência doméstica em alguns bairros periféricos. O problema da violência familiar é muito grave em Moçambique, sobretudo nos bairros mais pobres: através da sensibilização, do trabalho de boa vizinhança, mas também da assistência jurídica e administrativa, voluntários desta incrível organização tentam resolver o problema em todas as frentes e nossos voluntários estão a tentar disponibilizar as suas competências para melhorar ainda mais o trabalho que é realizado. Entre eles, Michela C., especialista em cinema e produção de vídeo, está a tentar criar um documentário que conta a missão desta organização, os desafios, os resultados e sobretudo as histórias dos beneficiários.

A sorveteria de Ressano Garcia também voltou a produzir a todo o vapor! Os rapazes nunca pararam completamente, mas agora finalmente expandiram a distribuição à cidade de Maputo que os abre a um novo mercado e a novas possibilidades. Do projeto, os custos cobertos, todas as receitas da sorveteria serão parcialmente investidas na manutenção da elevada qualidade dos produtos e na adição de novos, enquanto parte será destinada à criação de um fundo de bolsas de estudo para os jovens que apoiamos na universidade, que este ano serão oito. O projeto Estuda para mim, estuda para ti, estuda para nós dá-nos muita confiança: vemos a cada dia, mais e mais estes jovens tornando-se as mulheres e os homens do futuro de Moçambique, eles sentem muito a oportunidade que têm e não a querem desperdiçar. E este ano devemos ver os primeiros diplomas!

Dentro do bairro da Mafalala, a nossa Elena começou com actividades de terapia teatral, acompanhada por Claudia e Silvia, voluntárias do ano passado, regressaram para uma nova experiência. Só o relacionamento cada vez mais perto deste bairro histórico de Maputo, este ano impulsionou-nos a embarcar numa nova aventura: contando com a Associação Machaka, nossa parceira há mais de 3 anos, que trabalha neste bairro há mais de 20, decidimos começar a apoiar algumas crianças que lá vivem. Este ano serão apenas seis, mas gostaríamos de chegar aos dez no próximo ano. O que mais nos agrada é que foram os próprios jovens da Associação, os nossos voluntários e bolseiros, que nos pediram para iniciar o programa de apoio à distância também no seu bairro, para ajudar as crianças com quem fazem atividades, que veem todos os dias e para as quais gostariam de fazer mais. Este programa de SAD soma-se ao programa em curso das Irmãs Scalabriniane de Ressano Garcia, com as crianças e jovens que foram hóspedes do Centro até 2018 e que foram agora reinseridos na família.

Por fim, Sofia, voluntária da PASSI e especialista em turismo, acaba de começar a trabalhar para criar um roteiro de turismo solidário neste grande país: o nosso sonho seria poder deixar a nossa gente vivenciar os projetos em primeira mão doadores, sem os quais não teriam sido possíveis… esperamos vê-los em 2022!