Juntamente com a organização moçambicana Reformar, Alessandro e Sebastian, dois dos rapazes do programa do Serviço Civil Universal do ano passado, realizaram semanalmente, durante 3 meses, no Estabelecimento Prisional Juvenil de Boane, algumas actividades de teatro terapia em conjunto com os convidados do estabelecimento.

O trabalho não foi fácil: as crianças na prisão têm histórias muito complicadas e muitas vezes sentem-se rotulados pela sociedade como irrecuperáveis, mesmo antes de terem a possibilidade de se expressarem. Durante os encontros, os jovens tiveram a oportunidade de se envolverem com as artes dramáticas: a iniciativa visava principalmente oferecer uma abordagem mais inclusiva e empática para a recuperação, mas também para refletir sobre questões sociais e criar narrativas que pudessem trazer à tona as experiências e os desafios partilhados pelos participantes. Os jovens foram incentivados a explorar temas relevantes para as suas vidas e comunidades, como a marginalização, a desigualdade e a superação pessoal. Exercícios de improvisação, interpretação e criação de cenas originais permitiram que eles partilhem as suas perspetivas e se expressem de forma criativa.

O culminar da fase de aprendizagem foi marcado pela entrega dos certificados de participação, que reconheceram o empenho dos jovens em dar vida às histórias e mensagens exploradas durante as aulas. Os representantes prisionais manifestaram satisfação com o impacto das aulas de Teatro Social, destacando como esta abordagem permitiu aos jovens expressarem as suas capacidades criativas e comunicativas, mas também para refletir sobre os seus percursos e desafios. Enquanto o capítulo dos cursos de teatro chega ao fim, a esperança é que os jovens possam trazer consigo não só as competências adquiridas, mas também um sentido de empatia e de auto expressão que pode ser aplicado às suas trajetórias de recuperação e reinserção social.

O projecto Teatro Social reitera a ideia de que a arte pode ultrapassar barreiras e criar um espaço de compreensão mútua, mesmo nas circunstâncias mais difíceis e, dado o grande sucesso, o projecto continuará este ano graças ao projeto do Corpo Civil da Paz da PASSI Società Cooperativa, parceiro histórico da AGAPE em Moçambique.